terça-feira, 16 de março de 2010

Infância.

Lúcio era um cara que não gostava de escrever.Ficava às vezes horas absorto em nuvens e livros estranhos,balanços,corridas e comida farta.Fazia de tudo,menos escrever.Essa é a história de um garoto(e lembrem-se de que se trata de uma criança) muito criativo,inventivo,mas ao mesmo tempo um tanto quanto introvertido,fechado em sua concha de ilusões e pensamentos,marcado por tantas coisas e nem sempre entendia como conseguia comprimir tudo aquilo sem colocar para fora.
Os pais de Lúcio não o entendiam muito bem.Diziam eles,que o menino era esquisito,rejeitado social,ou algo do tipo...como?Era de se esperar que todas as ações de Lúcio fossem julgadas e condenadas por tamanho pensamento errado e mesquinho de pessoas tão queridas,mas ele nem se dava ao trabalho de entender.Não queria que os pais se sentissem piores pela personalidade peculiar dele mesmo,e se recusava terminantemente a escrever uma linha que fosse.
Falta de comunicação não era de fato um problema para Lúcio.Bom falante e bom ouvinte,o menino conquistava o coração dos vizinhos,amigos de escola,parentes próximos,distantes,e todos que tivessem paciência para ficar perto dele não mais que um minuto,e logo contavam suas aspirações,seus medos,seus sonhos,e o menino pouco entendia.Já havia ouvido muito para sua pouca idade e não gostava de se martirizar com problemas alheios,mas mesmo assim ouvia,mesmo que lhe custasse boas broncas de seus pais que insistiam em chamar o moleque de fofoqueiro,futriqueiro e outros adjetivos pejorativos do tempo do ferro a carvão,que na verdade nem era tão longe dali,mas já estavam ficando obsoletos.
As vezes,Lúcio se pegava imaginando como seria o mundo sem papel e lápis. 'não ia ser tão ruim' pensava ele,sempre em frente,andando e pensando em tudo que via e ouvia,fazia e falava e a cabeça parecia explodir.
Quem diz até hoje que todo mundo tem que escrever tá errado.Hoje em dia Lúcio é um homem,caráter igual não há,centrado,estudioso e um grande pensador,letrado e reletrado nas artes e na música.Quem diz até hoje que os pais dele estavam certos,está errado.Estes pediram desculpas em seus respectivos leitos de morte,para que não restasse dúvidas a Lúcio,que este havia sido bem criado e bem cuidado.Mesmo num momento como esses,Lúcio sorria e lembrava daquela outra época,na qual ele gostava muito de quase nada,e só sabia mesmo era ser criança.

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Estudante de História e pseudo-escritor semi profissional em ascensão.Quando escrevo,expulso meus maiores medos,um deles é parar de escrever.